
Se alguém se deu bem no ENEM ontem foram elas: as feministas adolescentes
Elas se organizam, discutem e lutam contra o machismo antes mesmo de sair da escola – e, provavelmente, tiveram sua parcela de influência sobre o MEC
Se alguém tirou de letra o ENEM deste ano, que teve redação sobre violência contra a mulher e questão citando Simone de Beauvoir, foram elas: as feministas adolescentes. Essas gurias têm causado espanto e encantamento em feministas veteranas por seu engajamento e paixão. Tem meninas de 15 anos criando aplicativo para combater o slutshamming (nome popular para o apedrejamento público de mulheres por seu comportamento sexual), tem alunas do colegial fazendo campanha pra liberar o uso de shorts na escola, tem coletivos brotando em diversas instituições de ensino e publicação feminista especialmente para adolescente lançando livro, a Capitolina. E há que se questionar se não devemos a elas, ao menos em parte, que o MEC tenha escolhido abordar o tema no maior exame pré-vestibular do país. Afinal, quem foi que mostrou que adolescentes têm maturidade pra discutir questões de gênero?
Tudo isso é surpreendente para a geração mais velha, que só foi ter contato com o feminismo depois de adulta, mas algo completamente natural dentro do contexto atual. “Essa expansão dos feminismos acontece porque a internet e as mídias sociais têm um papel central na vida dessas estudantes. Elas se informam e se conectam cada vez mais através de grupos e blogs em que debatem questões referentes às suas experiências e seus cotidianos – nas quais as desigualdades de gênero são uma constante”, comenta Renata Saavedar, gerente do ELAS Fundo de Investimento Social. Com o grande acesso à internet e a redes sociais, essas meninas estão descobrindo que o incômodo com assédio, por exemplo, não é só delas, mas algo que muitas outras meninas sentem. A partir daí, elas percebem que podem lutar contra isso.
Um levantamento realizado pela Fundacão Perseu Abramo mostrou que, em 2010, 40% das mulheres entre 14 e 17 anos se consideram feministas, enquanto apenas 37% das que tinham entre 25 e 34 anos se definiam assim.
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http://azmina.com.br/2015/10/se-alguem-se-deu-bem-no-enem-ontem-foram-elas-as-feministas-adolescentes/