Uma fraude mantém Alagoinha do Piauí como a cidade mais analfabeta do país
A falta de estrutura nas escolas e a falha na fiscalização de programa para ensinar jovens e adultos a escrever sustentam o município do semiárido nos porões da educação brasileira
Pelas ruas de casas coloridas de Alagoinha do Piauí, cidade do sudeste piauiense brasileiro, dez de cada quatro jovens e adultos não enxergam. Ao menos metaforicamente, já que é essa a descrição dos que não sabem ler e escrever para a maneira como veem o mundo. “Ser analfabeto é o mesmo que ser cego”, define a dona de casa Josefa Maria de Sá, de 31 anos, que só sabe “copiar” o nome.
A cidade do semiárido nordestino, de 7.341 habitantes, é a que concentra o maior número de analfabetos do país: 44% de seus cidadãos maiores de 15 anos, idade correta para a conclusão do ensino fundamental, não sabem ler e escrever. Taxa muito acima da do país (8,7%) e pior que a de nações pobres, como Madagascar (36%), Ruanda (29%) ou Camboja (26%). Uma realidade causada por anos de descaso com a educação e materializada em um cenário de salas de aula insuficientes, escolas sem instalações adequadas, falta de transporte escolar e até fraudes em projetos que buscavam desmanchar esse exército de analfabetos.
http://brasil.elpais.com/brasil/2014/05/27/politica/1401205042_769337.html