Tags
alunos estrangeiros, bolívia, bolivianos, Bom Retiro, Brás, comunidade boliviana, confecção, costura, discriminação, educação pública, Emei Guia Lopes, estereótipos, fluxo migratório, gangues, ilegal, integração, La Paz, migrante, postura, preconceito, professores, racismo, rede municipal de são paulo, rede pública, roubos, são paulo, senai, traficantes, transporte escolar gratuito, violência escolar
Fronteiras da inclusão
O aumento do número de bolivianos na rede pública de ensino de São Paulo evidencia problemas de integração e preconceito
Hernando Quenta atravessava uma boa fase da vida em Piedade, no interior de São Paulo. Trabalhador do ramo de costura, o boliviano de La Paz se levantava nas finanças, graças, em suas palavras, a “um ótimo emprego: carteira assinada, horário fixo, todas as contas em dia”. Porém, algo ia mal: ele não conseguia matricular seu filho Jerson, de 5 anos, na escola. “Mostrei todos os meus documentos e os do garoto, mas sempre diziam que faltava algo que não sabiam explicar.” Quenta não tem dúvidas de que foi discriminado “por ser boliviano e migrante”.
Decepcionado, largou o trabalho e se mudou para São Paulo, em março de 2013. Procurou a Emei Guia Lopes, no Bairro do Limão, onde já estudavam dois sobrinhos, também bolivianos. Deu certo. “Fui bem recebido. Aqui as escolas sabem o que fazer com o aluno boliviano.” Para Quenta, que hoje vive de bicos em confecções, a felicidade do filho compensa os dissabores do subemprego: “Jerson vem para a escola no transporte escolar gratuito, tem muitos amigos e adora as professoras. Mesmo que eu ganhe pouco, o importante é que meu filho está estudando”.
Histórias como a de Quenta e seu filho são cada vez mais recorrentes. Em junho, a rede municipal de São Paulo informou que o número de alunos estrangeiros teve aumento anual de 78%. O salto foi de 1.863, em 2012, para 3.319, em 2013. Na rede estadual, que compilou esses dados pela primeira vez neste ano, a quantidade de não brasileiros é ainda maior: 7.116. Os bolivianos são 66% do contingente estrangeiro em escolas municipais e 59% em unidades estaduais.
Leia mais:
http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/fronteiras-%E2%80%A8da-inclusao/