Cuidado de mãe

Na contramão da escolarização precoce, o modelo francês 
de creches geridas pelas famílias começa a despontar no Brasil

Por Tory Oliveira

Mãe de uma menina de 4 meses, Carolina Pombo de Barros encontrou-se em uma encruzilhada conhecida das mulheres: como conciliar a volta ao mercado de trabalho com o cuidado com os filhos? A psicóloga trabalhava em casa e não conseguia achar uma creche que atendesse às suas necessidades. “Queria uma relação mais próxima das cuidadoras e um horário de entrada e saída mais flexível, mas isso não existia próximo da minha casa”, conta Carolina, que vivia no Rio de Janeiro e, à época, preparava-se para participar de uma seleção de doutorado. Quando sua filha estava com 1 ano e meio, ela finalmente encontrou um local adequado. A retomada aos estudos, porém, só foi possível três anos depois do nascimento de Laura. Durante sua jornada, ela descobriu as “creches parentais”, modelo que nasceu na França nas décadas de 1960 e 1970, motivado pela falta de vagas nas creches públicas e pela insatisfação das famílias com o atendimento oferecido, e que começa a engatinhar no Brasil pela iniciativa de mães como Carolina.

Na França, as creches parentais começaram como estruturas autônomas mantidas por pais e mães e se tornaram reconhecidas e acolhidas pelo poder público ao longo das duas décadas seguintes. Hoje, uma creche parental francesa funciona como uma associação de pais e profissionais da primeira infância, sem fins lucrativos, que recebe subsídios das prefeituras e precisa respeitar regras da política de saúde e de educação infantil para funcionar. Apesar de criados e administrados pelas famílias, os espaços têm um quadro fixo de funcionários técnicos, como pediatra, psicólogo, diretor pedagógico e auxiliares formados em escolas especializadas.

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