Homenagem a um dos maiores sociólogos brasileiros será exibida na quarta-feira (22)
Nesta quarta-feira (22), comemora-se o centenário do nascimento de Florestan Fernandes. O sociólogo e político brasileiro foi ganhador do Prêmio Jabuti pelo livro “Corpo e alma do Brasil”, em 1964.
Com mais de 50 obras, entre livros e artigos publicados, e quase dez anos de carreira política, Florestan contribuiu para a construção do pensamento social crítico no País, dedicando-se ao estudo etnológico dos índios Tupinambá, dos resquícios da escravidão, do racismo, da luta de classes e da pobreza na sociedade brasileira.
O sociólogo Florestan Fernandes em 1995 – Eder Luiz Medeiros – 20.jan.1995/Folhapress
Nascido há cem anos, sociólogo foi um dos grandes intérpretes da resistência do Brasil à democratização
por Antonio Brasil Jr.
No centenário de nascimento do sociólogo, comemorado nesta quarta-feira (22), pesquisador revisita intelectual, explorando suas reflexões sobre o papel das iniquidades e dos privilégios na sociedade brasileira, e argumenta que levar seu pensamento a sério é urgente em tempos de ascensão autocrática.
William Waack foi afastado de suas funções na Globo. REPRODUÇÃO
COMBATE AO RACISMO
Com caso William Waack, Brasil quer traçar linha vermelha contra o racismo
Queda da estrela do jornalismo impõe à TV Globo desafio de lidar com questão além da ficção
“Há 15 anos, esse episódio teria tido essa repercussão e essa resposta?”, diz ex-secretário
“É preto, né? Sabe o que é isso? Coisa de preto.” A troça racista proferida por William Waack, que veio à tona nesta quarta-feira com o vazamento de um vídeo de 2016 em que o apresentador do Jornal da Globo se preparava para entrar ao vivo, obrigou a TV Globo a lidar na realidade com o tema que resolveu abraçar em suas novelas e produções dramatúrgicas, ao lado da homofobia e da intolerância religiosa. A repercussão nas redes sociais, também em reflexo da mobilização crescente do movimento negro e o rechaço ao desrespeito das minorias, parece ter deixado à maior emissora do Brasil apenas a opção de adotar com personagens da vida real a mesma conduta pregada na ficção. A Globo divulgou um comunicado anunciando o afastamento do apresentador “até que a situação esteja esclarecida” e disse ser “visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações”.
“Os tempos estão mudando”, afirma Giovanni Harvey, ex-secretário nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial nos governos petistas. “Embora no privado o brasileiro conviva com a discriminação passivamente, a sociedade, uma vez confrontada com uma prática discriminatória inquestionável, vai condenar. Não dá mais para impedir que o assunto seja abafado, sobretudo com o impacto das redes sociais. [As empresas] são obrigadas a dar um retorno que não dariam tempos atrás. Há 15 anos, esse episódio [do William Waack] teria tido essa repercussão e essa resposta?”
O racismo no Brasil se manifesta em forma de brincadeira, um jeito peculiar e natural de preconceito. Ao mesmo tempo em que esse caso [do William Waack] reforça a existência do racismo velado, também ajuda a desnudar o cinismo e a hipocrisia em torno da questão racial. Mas é preciso reconhecer que, nos últimos anos, a Globo desempenha um papel pedagógico importante ao abordar o racismo em sua grade de programação. A decisão da emissora, que não foi condescendente com o apresentador, aponta a direção que ela pretende continuar seguindo”, Luiz Carlos Ribeiro, da Universidade Federal do Paraná