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Professora há 29 anos, Jonê Carla Brandão ainda se choca com histórias contadas por alunos / Alexandre Campbell/BBC Brasil
‘Tenho aluno que viu o pai matar a mãe, aluna abusada pelo padrasto’: o isolamento de professores diante de casos de violência e bullying
Professora de Língua Portuguesa da rede pública há 29 anos, Jonê Carla Baião sempre pede aos alunos, no início do período letivo, uma redação curta sobre a vida deles. Já leu e ouviu muita história, mas ainda se atordoa com relatos como o que lhe foi entregue no primeiro dia de aula de 2017 por uma aluna do 9º ano:
“Eu sempre fui zoada e a última vez em que tive paz na escola foi no Jardim (de infância); depois disso não tive um ano sequer em que não tenham mexido comigo”, escreveu a jovem, que, negra e muito magra, era alvo constante de ofensas dos colegas, e os professores não percebiam.
Outra vez, também no primeiro dia de aula, uma aluna vinda de São Paulo escreveu que apanhava do pai e por isso havia se mudado para o Rio para morar com a mãe e o padrasto – que passou a abusar sexualmente dela.