Tags
A professora indígena, Andes, bolívia, Calería, comunidade indígena aimará, direitos das mulheres, El Alto, empoderamento, empoderamento escolar de meninas, ensino médio, escolas rurais, Fundação para a Integração e Desenvolvimento da América Latina, igualdade de gênero, Lucinda Mamani, mulher, Pesquisa Nacional sobre Exclusão Social e Discriminação da Mulher, povos indígenas, prêmio Global Teacher Prize, primeira universidade indígena rural, Pucarani, Warisata

Lucinda exibe prêmio de excelência educativa que ganhou em 2014 da Fundação para a Integração e Desenvolvimento da América Latina. Carola Andrades
A professora indígena que revolucionou as escolas rurais
Lucinda Mamani ganhou prêmio de excelência em educação por projeto de empoderamento feminino em sala de aula
Na escola de Calería, uma comunidade indígena aimará a 70 quilômetros da cidade de La Paz (Bolívia), é possível contar os livros nos dedos de uma mão. A lousa é analógica e as mesas de madeira estão amontoadas em salas de aula estreitas, onde estudam mais de cem crianças que, em muitos casos, caminham por horas com o único propósito de aprender. A comunidade, na qual vivem cerca de 150 famílias que se dedicam à produção de leite, batata e quinoa, tem eletricidade e água potável há alguns anos, mas seus habitantes ainda não sabem o que é rede de esgoto e privada. Ainda assim, assistiram recentemente à instalação de uma antena de telecomunicações, que vai abrir as janelas infinitas da Internet na região.
Lucinda Mamani, de 30 anos, dá aula para 80 alunos do ensino médio em Calería e até agora é a única professora boliviana indicada ao prêmio Global Teacher Prize 2016, que dá um milhão de dólares ao professor que tenha realizado uma contribuição extraordinária à profissão. No seu caso, conseguir a participação e o empoderamento escolar de meninas e adolescentes de áreas rurais, provou ser toda uma proeza.
Todas as manhãs, há sete anos, arruma seus livros, abriga-se contra o frio dos Andes e sai de sua casa na cidade de El Alto, ao lado de La Paz, rumo a Calería. Para fazer a viagem de quase duas horas, por onde não passa nenhum meio de transporte público, levanta o dedo e sobe em um dos caminhões que transportam toneladas de calcário para a cidade e voltam para o campo. “Todos me conhecem”, diz ela, confiante.
Em 2013, Lucinda testemunhou um fato que mudou sua forma de entender a educação. “No ato da eleição de representantes de estudantes da escola, percebi que não havia participação das mulheres, estavam apenas nas secretarias de esportes e dança. Comecei a conversar com as meninas e disseram que tinham medo de concorrer, que não se viam capazes de dirigir a escola.
Leia mais:
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/03/07/internacional/1457353077_284159.html