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Partida de Go entre o coreano Lee Se-Dol e o computador do Google, em Seul, em março de 2016. ED JONES AFP/ GETTY IMAGES

Máquinas espertas, mas sem bom senso

Os computadores não aprendem como os humanos. Na verdade, apenas conseguem reconhecer padrões a partir de dados

Imaginem que tivéssemos uma máquina para viajar no tempo e pudéssemos transportar Isaac Newton do fim do século XVII para hoje. Levaríamos o físico a um lugar que pudesse lhe ser familiar, como, por exemplo, a capela do Trinity College, na Universidade de Cambridge. Uma vez ali, mostraríamos a ele um celular de última geração. Newton, que demonstrou que a luz branca se decompõe em várias cores com a incidência de um raio de sol em um prisma, sem dúvida se surpreenderia que um objeto tão pequeno produzisse cores tão vivas na escuridão da capela. Depois o celular tocaria com uma música que ele pudesse reconhecer, como uma ópera de Haendel. Em seguida, mostraríamos na tela sua obra Principia Mathematica e o faríamos ver como usar os dedos para ampliar o texto. Suponhamos também que mostrássemos a ele como tirar fotos, gravar vídeos e som, fazer cálculos aritméticos com grande velocidade e precisão, contar os passos que andamos, guiar-nos para nosso destino e, sem dúvida, conseguir falar com alguém a milhares de quilômetros.

Newton não seria capaz de dar uma explicação coerente. Não conseguiria distinguir esse dispositivo da magia. O que mais poderia imaginar este pai da física do que pode fazer um dispositivo assim? Acreditaria que pode funcionar indefinidamente? Acreditaria também que esse dispositivo pode transformar chumbo em ouro? A química em sua época era alquimia, então provavelmente sim. Todos tendemos a não ver os limites daquilo que nos parece mágico.

Os verdadeiros perigos já estão aqui e têm a ver com privacidade, autonomia dos sistemas e com os vieses dos algoritmos

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