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O MOVIMENTO BRANCO
Juliano Gomes responde ao texto da diretora de Vazante, Daniela Thomas
Fui citado duas vezes aqui neste espaço, no texto “O lugar do silêncio”, de Daniela Thomas.
No primeiro trecho em que fui citado, a minha fala que ela descreve foi dita ironicamente, diante de uma cineasta que resolvia se abster, numa ocasião de troca de ideias, de conversar sobre que tipo de decisões foram tomadas por quem é responsável por um filme de 6 milhões de reais. Minha fala está gravada em vídeo no site do festival – assim como o resto do debate. Daniela Thomas “capitulou”, mas seu suposto algoz não entendeu o gesto. Resumindo: Daniela tirou o corpo fora, eu reagi, ela diz que errou por ter tirado o corpo fora, mas desaprova a minha reação. No segundo trecho em que apareço, talvez esteja o ponto onde vejo maior possibilidade de desdobramento, sobre a ideia de “desresponsabilização”.
Para buscar descrever as estratégias retóricas do posicionamento da artista no debate e nesse texto, recorro a um artigo que li recentemente da pesquisadora americana Robin DiAngelo, chamado “White fragility”.
O argumento dela é que o isolamento dos brancos em relação ao debate racial, uma circulação por ambientes majoritariamente habitados por brancos, e uma ilusão de si mesmos como modelos de uma certa universalidade, produzem uma enorme inabilidade para lidar com as mínimas situações de estresse nas quais o tema racial venha à tona.
…
DiAngelo escreve que:
“A linguagem da violência que muitos brancos usam pra descrever intervenções antirracistas é algo muito significativo, porque se trata de mais um exemplo de como a fragilidade branca perverte e distorce a realidade. Empregando termos que sugerem ameaça física, ela evoca discursos históricos que descrevem negros como perigosos e violentos.”
Leia mais:
http://piaui.folha.uol.com.br/o-movimento-branco/