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Os trinta algozes não são loucos. São homens em uma sociedade machista

Eles agiram segundo as próprias regras sob as quais funcionamos. Essas que estruturam a sociedade de uma maneira hierárquica e colocam as mulheres em posição de inferioridade

Por Maíra Kubík Mano,
especial para a Ponte Jornalismo

Eu estou com ódio.

Mais de 24 horas depois de ler a primeira notícia sobre o estupro da adolescente carioca cometido por cerca de 30 homens, e que foi compartilhado por eles via redes sociais, eu só consigo sentir ódio e revolta. Escrevo agora, depois de quase um dia de silêncio, com os olhos cheios d’água. Escrevo como uma mulher, alguém que, por ser socialmente identificada de uma determinada maneira, poderia ter passado pela mesma situação que essa garota.

Nós, mulheres, todos os dias experimentamos a vulnerabilidade da violência – assim como ocorre com boa parte da população brasileira, por diferentes razões que não apenas o patriarcado, mas também o racismo e a desigualdade social, em um grau maior ou menor, geralmente imbricados.

Experimentamos, cotidianamente, a possibilidade, ou a realidade, de sermos estupradas, de apanharmos, de morrermos, em geral pelas mãos de nossos familiares e/ou companheiros, antigos ou atuais. Nossas existência está sempre em risco justamente porque não podemos vivê-la em sua plenitude. Somos coisas, objetos que pertencem a outras pessoas, seja por laços matrimoniais, seja por laços consanguíneos. E por esse estatuto social menor, nossos corpos são públicos, podendo ser apropriados no meio da rua.

A violência é justamente o mecanismo que, longe de ser um desejo incontrolável dos homens, é uma maneira dos dominantes exprimirem, mas também produzirem, a inferioridade das mulheres

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