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desigualdade social, direitos humanos, elite, escravização dos negros pela elite branca, estratificação social, gourmetização do espaço, ostentação, preconceito de classe
Camarotização: por que o brasileiro gosta tanto de segregar o espaço?
Para especialista, o acesso das camadas mais populares ao que antes era exclusivo da elite fez com que o racismo e discriminação “saíssem do armário”
Camarotização. A gourmetização do espaço. A palavra ganhou força na última semana depois de aparecer no tema da redação do vestibular da USP, o mais concorrido do país, mas já faz tempo que o camarote faz sucesso ao prometer fazer do cidadão um ser diferenciado – para usar uma palavra cara ao público adepto.
De comícios políticos à farra do Carnaval, quem está no camarote não quer ser qualquer um. Em Salvador, no maior carnaval do mundo, participa quem paga – e caro- para ter direito a uma camiseta estampada com diversos logos dos patrocinadores. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, para ter acesso ao espaços exclusivos no Carnaval é preciso desembolsar até mais de 1.000 reais. A promessa é viver a festa rodeado de celebridades rodeadas de jornalistas. Os famosos mais trendy, porém, ficam em um cercadinho ao qual quase ninguém tem acesso. É a camarotização do camarote.
O que está por trás [da camarotização] é o desejo de distinção em uma sociedade colonizada como a nossa e marcada por uma grande estratificação social… O Brasil sempre foi avesso e segregado. Apesar de ter a ideologia da mistura, na verdade sempre foi o pior dos apartheids… No Brasil pós-Lula, as pessoas das camadas mais populares estão acessando o que antes era exclusivo aos brancos de elite. Isso faz com que o racismo e a discriminação saiam do armário. Por outro lado, é também um fenômeno de todas as classes. O cara mais rico de uma comunidade quer camarote também. Afinal, o modelo hegemônico de distinção é persuasivo, se espalha. Rosana Pinheiro-Machado, antropóloga e professora da Universidade de Oxford
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