Lições de Augusto para um mundo em risco
2.000 anos depois, uma revisão da figura do imperador romano projeta reflexões para defender a democracia
Shakespeare dedicou tragédias a Júlio César e a Cleópatra e Marco Antônio, mas não a Augusto. É um personagem importante, mas também secundário, em Eu, Cláudio, de Robert Graves, assim como na versão de Cleópatra protagonizada por Elizabeth Taylor. No entanto, o primeiro imperador de Roma, o homem que acabou com a República embora tenha conservado habilmente suas instituições vazias de poder, foi qualquer coisa menos um personagem secundário da história. Caio Otávio (63 a.C – 14 d.C.), usando o nome de César Augusto, é uma figura completamente necessária para entender o que foi Roma e, portanto, o que somos nós e, ao mesmo tempo, absolutamente contemporânea, porque sua biografia apresenta questões cruciais como o naufrágio que pode sofrer uma democracia quando suas instituições deixam de funcionar ou a tragédia de precisar escolher entre o caos ou a ditadura (líbios, iraquianos e sírios teriam muito a dizer sobre este tema).
http://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/06/cultura/1415264706_716396.html