Artur Avila mostra como se faz matemática. Um divertido vídeo gravado em 2010 pela revista Piauí

O matemático carioca que resolveu a “conjectura dos dez martinis”

O prêmio concedido a Artur Ávila reconhece suas valiosas teorias, que podem ser aplicadas ao estudo da evolução das epidemias

Francho Barón

A lenda do matemático Artur Ávila (Rio de Janeiro, 1979) começou a se consolidar na convivência com colegas das ciências exatas, quando um dia, na Califórnia, o jovem assumiu o desafio de resolver a “conjectura dos dez martinis”. O problema, exposto em 1980 pelo norte-americano Barry Simon, define o comportamento dos Operadores de Schrödinger, construções matemáticas relacionadas com a física quântica que para a maioria dos mortais representam uma dimensão inexpugnável da razão humana. Com passeios, horas de abstração e conversas intermináveis, Ávila acabou resolvendo o problema com a colaboração da matemática ucraniana Svetlana Jitomirskaya. Diz a lenda que foi convenientemente recompensado por seus colegas com várias taças do clássico coquetel imortalizado nos filmes de James Bond.

O prêmio concedido a Ávila reconhece suas valiosas contribuições no campo dos sistemas dinâmicos. As teorias desenvolvidas pelo matemático franco-brasileiro podem ser aplicadas, por exemplo, ao estudo da evolução das epidemias ou das oscilações demográficas em um determinado território. Ávila tem um perfil muito distante do nerd que se poderia suspeitar. Vestido como muitos cariocas de sua idade, com camiseta de algodão, calças jeans e tênis, o matemático exibe uma compleição atlética e admite abertamente que seus achados não são fruto de intermináveis horas de leitura. Seus colegas concordam que Ávila é um matemático especialmente prolífico e criativo, que gosta de trabalhar em equipe, compartilhando horas de conversa e intercâmbio de ideias com outros colegas, seja diante de uma lousa ou de alguns copos de cerveja.

http://brasil.elpais.com/brasil/2014/08/14/sociedad/1408016048_825084.html